Portugal no século XVIII
Durante o domínio filipino, os inimigos de Espanha (Holanda, Grã-Bretanha, França) ocuparam parte do Império Português, sobretudo a Oriente.
O Brasil, depois da Restauração, veio então tomar o lugar que tinha antes a Índia na economia portuguesa.
O açúcar, primeiro, o ouro e os diamantes, depois, eram agora as principais riquezas que chegavam ao reino.
Muitos milhares de colonos portugueses emigraram para o Brasil, na esperança de enriquecer.
Mas como as plantações de açúcar e os engenhos exigiam muita mão-de-obra, os primeiros colonos tentaram utilizar os índios como mão-de-obra escrava. Mas estes, habituados à liberdade, não se adaptaram ao trabalho: revoltavam-se, adoeciam, fugiam...
Foi de África que começaram a ir os escravos necessários à crescente produção de açúcar.
O principal comércio fazia-se, assim, através do Atlântico: os navios partiam de Portugal e dirigiam-se à costa africana, de onde levavam sobretudo escravos para o Brasil; daqui, traziam açúcar, ouro e diamantes (comércio triangular).
Os escravos trabalhavam nas plantações de açúcar, nos engenhos e nas minas.
O engenho era propriedade do “senhor do engenho”. Aí se extraia o caldo da cana-de-açúcar depois de a esmagar, que depois era cozido e colocado em tabuleiros para cristalizar.
A propriedade (fazenda) era composta pelos canaviais (campos de cultivo da cana), pelo engenho, pela “casa grande “ onde vivia o senhor e pela sanzala onde viviam os escravos.
No final do século XVII, encontrou-se ouro no Brasil.
As minas foram descobertas pelos bandeirantes que eram colonos que organizavam expedições para o interior do Brasil, com o objectivo de descobrir ouro, diamantes e apanhar índios para trabalharem nos engenhos.. A um grupo de bandeirantes dá-se o nome de Bandeira.
Resumindo
Assistimos a grandes movimentos da população:
De Portugal, partiram milhares de emigrantes para o Brasil à procura de uma vida melhor;
No Brasil, as pessoas avançavam do litoral para o interior;
Da costa africana, partiram, anualmente, milhares de escravos para o Brasil.
A população brasileira resulta, assim, da mistura de europeus, africanos e índios.
A monarquia absoluta no tempo de D. João V
Durante o reinado de D. João V (1706-1750), grandes quantidades de ouro e diamantes chegaram ao reino, vindos do Brasil. Também o comércio de açúcar, tabaco, vinho e sal dava grandes lucros.
Isto fez de D. João V um rei muito poderoso e rico, uma vez que a coroa cobrava a quinta parte do ouro encontrado no Brasil (o quinto).
D. João V passou a governar sem convocar Cortes e concentrou em si todos os poderes: o poder legislativo (fazer as leis), o poder executivo (mandar executá-las, isto é, governar) e o poder judicial (julgar quem não cumpre a lei).
Governou como rei absoluto, daí se dizer que esta forma de governo era o absolutismo.
A corte de D. João V tornou-se uma das mais ricas da Europa. Davam-se grandes banquetes, consumia-se café e chocolate, novidades da época, e rapé (tabaco moído).
Nos bailes, dançava-se a pavana e o minuete ao som do violino ou do cravo.
Jogava-se às cartas, às damas e aos dados.
Assistia-se a sessões de poesia, de música e a representações teatrais.
Era também muito apreciado o espetáculo das touradas e a ópera.
A sociedade portuguesa do século XVIII continuava dividida nos três principais grupos sociais que já conheces: nobreza, clero e povo.
A nobreza continuava a ser um grupo social privilegiado, que vivia dos rendimentos das suas propriedades.
Imitava, em tudo, o luxo da corte de D. João V: habitação, festas, banquetes, vestuário...
O clero era também um grupo social rico e poderoso. Com a protecção do rei, aumentou o número de mosteiros, conventos e igrejas.
Para além do culto religioso, dedicava-se ao ensino e à assistência aos necessitados.
Presidia ao Tribunal da Inquisição que julgava todos os que não respeitavam a religião católica.
A maior parte do 3.º Estado (o povo) vivia com muitas dificuldades, sobretudo no campo, devido aos baixos salários e aos muitos impostos.
Continuava a alimentar-se sobretudo de pão, peixe e legumes.
Dela faziam parte pequenos comerciantes, artífices, camponeses, criados, aguadeiros, carregadores...
Este grupo social engloba também a alta burguesia que continuava a enriquecer com o comércio.
O reinado de D. João V foi marcado pela construção de obras monumentais, possíveis devido ao ouro do Brasil.
O estilo da época é o Barroco que se caracteriza pela abundância de decoração e pelo uso de linhas curvas.
Igrejas e palácios são decorados com talha dourada, azulejos e mármore.
Desenvolveu-se a ourivesaria, a cerâmica, a pintura, a azulejaria, o mobiliário, ...
As Reformas Pombalinas
D. José I sucede a D. João V, em 1750, e nomeia primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde Marquês de Pombal.
Nessa época, o reino encontrava-se numa grave crise económica porque:
- o ouro vindo do Brasil era cada vez menos;
- a agricultura produzia pouco;
- as indústrias eram poucas;
- diminuíam as exportações e aumentavam as importações;
- o comércio colonial era dominado por estrangeiros.
Para agravar esta situação, em 1755 (dia 1 de Novembro), Lisboa sofre um grande terramoto.
Morreram mais de 20 000 pessoas e ficaram em ruínas cerca de 10 000 edifícios.
A cidade ficou destruída e foi o Marquês de Pombal que tomou medidas para:
- "cuidar dos vivos e enterrar os mortos “;
- policiar as ruas;
- planear a reconstrução da cidade que ele próprio acompanhou.
Decidiu arrasar a "Baixa" e aí construir uma zona nova - a Lisboa pombalina - com características próprias:
- ruas largas e perpendiculares, com passeios largos e calcetados;
- edifícios harmoniosos, todos da mesma altura, com varandas de ferro forjado, e construídas com um sistema anti-sísmico e corta-fogos;
- rede de esgotos:
- uma grande praça - a Praça do Comércio - construída no local do antigo Terreiro do Paço, onde iam dar as ruas "nobres" da cidade.
A grande capacidade para resolver problemas e a eficácia demonstrada após o terramoto pelo Marquês de Pombal, levaram-no a conquistar a confiança total do rei. Por isso, D. José entregou-lhe o controlo do governo.
O Marquês de Pombal inicia então um conjunto de reformas destinadas a desenvolver o país e a afirmar o poder absoluto do rei.
Reformas económicas:
- instalou novas indústrias no país (vidros, sedas,lanifícios, etc);
- criou companhias monopolistas, controladas pelo estado (na área da agricultura, pescas e comércio), impedindo os grandes lucros que os estrangeiros vinham tendo em Portugal; exemplo: Companhia dos Vinhos do Alto Douro.
- proibiu a exportação de ouro.
Reformas sociais:
- perseguiu a nobreza e o clero (sobretudo os Jesuítas, que expulsou do País), retirando-lhes bens e cargos, chegando a prender e executar alguns deles, para reforçar o poder do rei;
- protegeu os comerciantes e os burgueses, e declarou o comércio como profissão nobre (1770);
- proibiu a escravatura no Reino (1771), continuando, no entanto, a existir nas colónias.
Reformas no ensino:
- criou escolas "menores" (equivalentes ao 1º ciclo), por todo o país;
- reformou a Universidade de Coimbra dando maior importância à observação e experimentação;
- extinguiu a Universidade de Évora
- fundou o Real Colégio dos Nobres.
As reformas pombalinas contribuíram para a modernização de Portugal.
Depois da morte de D. José I (1777), sua filha, a rainha D. Maria I, demitiu o Marquês de Pombal de todos os cargos que ocupava no Governo, acusando-o de ter cometido graves injustiças.